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Sociedade decapitada

  • Foto do escritor: Rodrigo Bartz
    Rodrigo Bartz
  • 4 de ago. de 2020
  • 2 min de leitura

Rodrigo Bartz


Na obra “Lavoura Arcaica” de Raduan Nassar, escritor contemporâneo brasileiro, André, o protagonista, é a constituição imprecisa do ser humano. Apaixonado incestuosamente pela irmã Ana, demonstra que na família mais tradicional também há contradições. Contemporaneamente, de forma análoga, evidenciando essas imperfeitas transgressões, as novas constituições familiares representam um avanço, não como reflexo da eterna sociedade conservadora brasileira, mas sim como forma de rompimento de padrões retrógrados e desumanos.

Primeiramente, cabe destacar que, mesmo com todos avanços, ainda somos filhos de uma sociedade extremamente obsoleta. Corroborando esse fato, trazemos à baila julgamentos feitos a qualquer ação diferente, como, por exemplo, a grande discussão causada quando propagandas midiáticas veiculam representações familiares “fora” dos padrões idealizados, tal e qual as típicas de comerciais de margarina.

Ainda cabe destacar que, não raras vezes, há, resultado de um sintoma social, comentários maldosos para com mulheres, que exercendo pleno direito, resolvem criar seus filhos sem uma figura paterna, deixando evidente tal atraso. Assim, acabamos infectados e tomados inteiramente por preconceitos e paradigmas impostos involuntariamente.

Em segundo plano, é preciso destacar que, hodiernamente, vivemos a era dos rompimentos. Isso é um sinal positivo, visto que não precisamos mais afogar nossos desejos em detrimento da opinião do outro. Na obra supracitada – a título de ilustração – o patriarca da família obrigada André a voltar para o seio familiar, o qual, mesmo com todos os problemas, precisa pintar essa falsa imagem à sociedade, o que dá errado, pois não necessariamente por ser uma família tradicional, tudo anda perfeitamente conforme parâmetros. Dessa forma, precisamos sim cultuar o respeito e as novas constituições familiares, porque família, independente de seus integrantes, só acontece quando o amor é recíproco e fraternal.

Portanto, definitivamente não são as novas constituições familiares reflexos de transformações sociais, esses novos constructos são tão somente a necessária racionalidade. Dessa maneira, a insistência em valores que vão de encontro à evolução própria dos tempos só fará termos o mesmo fim trágico de Ana, a qual foi decapitada – independente da conveniência disso – apenas por amar demais.

 
 
 

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