Relações Desnecessárias
- Rodrigo Bartz
- 4 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
Rodrigo Bartz
Vivemos cada vez mais distantes dos grandes clássicos. E o que é clássico, o que é literatura? Já fui questionado diversas vezes com a pergunta, e sempre respondo. Não posso te dar uma resposta exata, tu tens que descobrir, apenas posso te mostrar caminhos. Grandes clássicos; literatura é algo, como uma vez disse a um amigo que, obrigatoriamente, tem que nos causar moscas, ou seja, intrigar e ficar zunindo no ouvido, quiçá, por toda uma vida, e o pior sem respostas definitivas. Enfim, “bem chata”.

Nos brasileiros somos relapsos, na grande maioria, quanto a clássicos.
Boa literatura como, Machado de Assis, Graciliano Ramos entre tantas outras divindades tupiniquins são quase uma exceção nas bibliotecas bem feitas e, que geralmente, servem somente para decoração. Inclusive, existem pessoas que compram, decoram seus belíssimos acervos com eles, mas nunca o tocam e o tratam como tesouro, se alguém tocar é reprimido de forma forte e incisiva. Um bom exemplo são os vestibulares que tratam essa boa literatura como OBRIGATÓRIA, palavra forte, desmotivante e inadequada que somente afasta.
O que isso causa? Um grande desmazelo. Olhamos minisséries, filmes, etc. e os admiramos como se fossem inéditos, geniais e bem escritos. Seus autores para garantir mais trabalho e mídia, claro, nunca fazem citações e isso não é novo. O caso “Max e os felinos” do Grandioso Moacyr Scliar e “As aventuras de PI” de Yann Martel que o digam.
Assim, obras, nas suas diversas formas afora bons livros, encantam crianças, jovens e adultos e, nas escolas e na sociedade em geral, encontra-se uma grande dificuldade em convencer os futuros leitores de que os clássicos e a boa literatura são fundamentais e necessários. Pode ser, que com esses encontros literários, você fique “chato”, porque fará sempre comparações e tudo terá uma relação, como, na verdade tem. A minissérie “Felizes para sempre” é uma boa mostra. Ao assistir as quentes cenas fui devaneando e quando me dei por conta estava nos contos, calientes da mesma forma, do Mestre, Marquês de Sade, “O Corno de Si Mesmo”. Certo, não afirmo aqui que é a obra na íntegra, pois falamos de, nada mais nada menos, III séculos de distância, mas que a relação existe, existe.
Porém, direis que o mais fácil seja admirar mesmo apenas o filme, a minissérie (que em muitos casos são geniais, inquietantes e necessários da mesma forma, porém não se bastam quando despovoados de intertextualidades), pois ali olhamos, não temos questionamentos, as respostas estão claras e esse tal de clássico vai só me “encher o saco”. Com certeza, são relações muito, mas muito desnecessárias.
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